“Verão de 1977”

Helena esperando por Gabriel
Helena Verão de 1977

 

 

capítulo 1 — A mulher da casa amarela

Verão. A rua 45 ardia sob o sol das duas da tarde.

Gabriel lavava o carro do pai com a mangueira aberta, camiseta enrolada no ombro, rádio ligado  que tocava Santana. Era o primeiro verão em que podia trabalhar na oficina. Aos 19 anos, começava a ganhar braços de homem, mas ainda tinha nos olhos o brilho inquieto de um garoto que via tudo pela primeira vez. Foi quando ela apareceu.

A porta da casa ao lado rangeu, e uma mulher surgiu no alpendre da casa amarela. Trinta e poucos anos, talvez. Cabelos presos com lenço, vestido estampado colado no corpo, cigarro entre os dedos. É um olhar que atravessou a rua inteira como se já o conhecesse.

— Oi — disse ela, com a voz rouca de quem fumava desde sempre. — Tá calor, né?

Gabriel apenas assentiu, sem saber se devia sorrir ou responder algo mais. A mulher desceu os degraus, andou até a cerca que separava os quintais e apoiou o braço ali, como quem se debruça sobre um segredo. Os olhos escuros passeavam pelo corpo suado do rapaz.

— Você é o filho do Raul? – Perguntou.

— Sou, sim. Gabriel.

— Helena — disse ela. — Acabei de me mudar. Casa de família… ou o que sobrou dela. Gosto de calor. E silêncio.

Ele sorriu. E se sentiu corar.

Helena puxou o cigarro, soltou a fumaça devagar. As cinzas caíram na grama seca, e os olhos dela demoraram um segundo a mais no abdômen de Gabriel.

— Se quiser, tenho chá gelado aí dentro — disse. — Mas você parece gostar mais de suar.

Ela riu, voltou para casa com um gingado discreto, e desapareceu por trás da porta.

Gabriel ficou ali parado, o som de Santana abafado pelo som do próprio coração. Naquele instante, soube que algo tinha mudado.

E seria para sempre.

 

Capítulo 2 — A música que tocava do outro lado da cerca

 

Gabriel praguejou baixo, com as mãos sujas de graxa e um pneu meio murcho atrapalhando seu serviço. Aquele Dodge Dart 1974, presente do pai, era o orgulho e a perdição dele. No rádio, The Rolling Stones tocava “Beast of Burden”, e a batida arrastada da música parecia atravessar a rua inteira, indo até a casa ao lado — a casa amarela.

Helena.

Era como se o nome dela pulsasse com o baixo da música. Como se cada nota carregasse o cheiro do cigarro que ela fumava à tarde, e o sabor do uísque que ele nunca provou. Ele levantou a cabeça e a viu. De novo. Na janela. De novo. Observando. E sorriu. Ela não desviou o olhar.

Naquela manhã, ela usava uma regata preta colada ao corpo e uma saia branca de tecido leve, com flores desbotadas. Parecia saída de um comercial antigo de cigarro. O cabelo preso num coque frouxo, e os óculos escuros sustentando uma aura de diva em férias eternas. Ela desceu lentamente os degraus do alpendre com uma jarra de chá gelado e parou bem junto à cerca.

— Gosta de Stones? – Perguntou.

Gabriel limpou as mãos na calça jeans, sem se importar com as manchas, e respondeu:

— Gosto. Meu pai tem os discos. Mas eu prefiro ver ao vivo. Sentir no corpo.

Helena arqueou a sobrancelha e soltou uma risada curta, quase um sopro. Passou os dedos pelo gargalo da jarra e tomou um gole direto, deixando escorrer uma gota pelo canto da boca.

— Um rapaz que gosta de sentir no corpo. Isso é raro hoje em dia. — Ela se apoiou na cerca, encurtando a distância entre eles. — Sabe, eu dançava essa música em 72… numa festa em que ninguém usava cueca. Nem desculpas.

Gabriel engoliu seco. Sentiu um arrepio subir pela nuca e se perder nas costas.

— Eu… eu queria ter vivido essa época — murmurou, tentando manter os olhos nos dela e não nos lábios vermelhos que pareciam sorrir sozinhos.

— Está vivendo agora, querido — disse Helena. — A diferença é que agora eu estou do outro lado da cerca.

Os dois ficaram em silêncio. A música ainda tocava. O sol batia nas costas dele, e o vento da manhã agitava a barra da saia dela. Helena estendeu a mão e tocou de leve a madeira da cerca, como quem escreve uma promessa invisível.

— Cedo ou tarde, você vai atravessar essa cerca, Gabriel. Eu sei disso. E quando fizer… traga música. E sede.

Ele sorriu. Foi a primeira vez que ela o tocou — mesmo sem encostar nele.

 

 

Capítulo 3 — Seu nome nos meus lábios

Era sexta-feira quando Gabriel atravessou a cerca.

O calor da tarde ainda pairava sobre o asfalto, mas ele sentia algo diferente no ar — como se os ponteiros do tempo estivessem prestes a parar. Helena estava sentada no alpendre, pés descalços, unhas vermelhas, ouvindo Nina Simone num toca-discos portátil. A agulha tremia levemente, como seu queixo quando o viu se aproximar.

Ele usava uma camisa de botão aberta sobre o peito nu. Tinha passado loção pós-barba que roubou do tio. O cabelo ainda úmido. Quando chegou aos degraus da varanda, ela o olhou como se já tivesse sonhado com aquilo — e talvez tivesse.

— Pensei que fosse esperar mais — ela disse, com um leve sorriso no canto da boca.

— Eu tentei — respondeu ele. — Mas seu nome ficou preso na minha boca. Não saía. Eu precisava saber o gosto que tem.

Helena se levantou, os olhos semicerrados, e se aproximou como quem dança. Parou diante dele e levou a mão ao rosto do garoto. A ponta dos dedos percorreu o contorno da mandíbula dele com lentidão quase cruel.

— Gabriel — ela disse, quase num sussurro. — Você tem cheiro de noite e gosto de desafio.

Ela o beijou.

Sem aviso, sem pedido. Apenas encostou os lábios nos dele, e ele correspondeu com a intensidade de quem nunca havia sido tocado daquela forma. A boca dela tinha sabor de cigarro mentolado e de alguma fruta escura que ele não soube nomear. As mãos dela desceram pelas costas dele, puxando-o pela cintura, e ele segurou firme em sua nuca, sentindo o cabelo preso escapar por entre os dedos.

Helena podia notar visivelmente como Gabriela extava excitado, ele estava tão duro que parecia que iria rasgar a própria calça.

A música continuava tocando, abafada, como se o mundo estivesse longe demais. A língua dela o explorava com fome paciente. E ele se entregava, um passo de cada vez, até que estavam dentro da casa.

A sala da casa amarela cheirava a incenso e madeira velha. O tapete felpudo, o sofá bege com almofadas vermelhas, a luz âmbar que vinha do abajur com franjas… tudo parecia cúmplice.

Helena o empurrou gentilmente contra a parede e o olhou nos olhos— Não pense. Só sinta.

Gabriel a puxou pela cintura e a beijou de novo, agora com mais firmeza. Queria provar cada centímetro daquela mulher que parecia feita de pecado e verão. A camisa dela foi desabotoada com mãos trêmulas, e ele descobriu que não havia sutiã. O corpo dela era real, com curvas maduras e pele morna.

Os seios de Helena agora estavam no alcance de Gabriel, assim como avia imaginado dês do primeiro momento a  virá em sua varanda–Agora é real pensou Gabriel, 

Ela leva a mão até sua cintura desabotoando sua calça, Gabriel sente a mão quente de Helena segurando com desejo, ela se abaixa lentamente beijando seu peito, sua barriga, enfim ela coloca Gabriel em sua boca dando a ele um prazer que já mais avia sentido.

Os lábios quentes e macios, o levaram rapidamente a sentir seu corpo formigar, ele não pode segurar, foi muito rápido–Helena agora o sugava violentamente engolindo todo seu sêmen.

Gabriel pulsava em seus lábios, nem nós melhores sonhos poderia ter imaginando uma sensação tão dominante como a que sentirá nos lábios de Helena.

Quando ela sussurrou o nome dele no ouvido, entre uma mordida e outra no lóbulo, ele sentiu o mundo girar. Gabriel. Nos lábios dela, seu nome parecia ter outro som. Mais grave. Mais sujo. Mais livre.

E foi assim que ele se perdeu — nos lençóis amassados de um sofá velho e em uma mulher que sabia exatamente o que fazer com um corpo jovem e faminto.

Continua…

 

Capítulo 4 — A cicatriz no quadril dela

O sol começava a se pôr quando Gabriel acordou com o som do vento balançando as cortinas da sala. Estava nu, envolto nos lençóis do sofá, e Helena caminhava pela casa vestindo apenas a camisa dele, que parecia um vestido curto em seu corpo magro e curvilíneo.

Ela segurava um copo de uísque com gelo e olhava pela janela como se procurasse algo que não queria ser encontrado. A luz alaranjada do fim da tarde recortava suas pernas longas, e quando ela se virou, Gabriel notou, pela primeira vez, a pequena cicatriz em forma de meia-lua no lado esquerdo do quadril dela.

— Isso dói? — ele perguntou, apontando com o queixo.

Ela sorriu de leve, como quem ouve uma pergunta que já esperava há muito tempo.

— Menos que outras coisas — respondeu. — Mas doeu, sim. Foi em 71. Um verão muito parecido com este. Uma piscina, um homem mais jovem, e uma mulher um pouco tola.

Gabriel se levantou e foi até ela. Passou os dedos com delicadeza sobre a marca, como se pudesse desfazê-la com carinho.

— Ele te machucou?

— Não — disse Helena. — Eu me joguei.

Ela o olhou como quem atravessa décadas num só olhar.

— Às vezes, a gente escolhe se ferir só pra sentir alguma coisa. Outras vezes, a gente se joga porque alguém fez a gente acreditar que valia a pena cair.

Gabriel a puxou pela cintura. A cicatriz estava quente sob seus dedos.

— E agora? Vale a pena?

Helena encostou a testa na dele. A voz saiu baixa, sem certeza alguma, mas com algo mais forte que isso: desejo.

— Agora… eu só quero cair de novo. Com um sorriso ela senti o pau de Gabriel ficando duro novamente, ela morde os lábios um gemido, acho que vamos mudar de assunto.

Helena se virá de costas encostando sua bunda no corpo dele, ela pega seu pau e o coloca entre suas pernas, ele sente sua buceta quente se contraindo de tesão–Helena–geme e se contorce, como é bom sentir vc dentro de mim, por favor de vagar eu quero aproveitar cada segundo !

E então, pela segunda vez naquela tarde, eles se perderam um no outro. Mas não foi como antes.

Ela sentia a fome de Gabriel, ela sentia seu desejo a cada movimento do seu pau dentro da sua buceta que se contraia ao gozar!

–Está noite assim como muitas outras, Gabriel não voltou para sua casa, ele tocou cada parte dela como quem lê um diário esquecido. Beijou suas coxas como

quem agradece, mordeu seus ombros como quem clama por pertencimento. Ela o guiou com sussurros roucos e olhos fechados, deixando que ele descobrisse a mulher por trás da cicatriz, por trás da fumaça, por trás da armadura de verão.

 

                 “Nos vemos no próximo capítulo de Verão de 77”

Verão de 77 — Capítulo 2

(Verão de 77 — um conto completo) ☀️

Por Clara Noir para o blog Noites de Clara Noir.
Conto exclusivo. Direitos reservados. Proibida reprodução sem autorização.

 

 

Scroll to Top