Conto exclusivo — 1 capítulo
Por Clara Noir para o Blog Noites Proibidas
Ninguém mais viu.
Mas ele a esperava todas as noites.
A primeira vez foi rápida, como um acidente. Caminhava pela estrada vazia, o céu opaco, quando ela surgiu das sombras: pele pálida como lua, cabelos caindo como véu e um vestido transparente que deixava tudo visível — inclusive o desejo que ardia em seu olhar.
— Você tem medo da noite? — Disse, a voz como veludo sujo de pecado.
Ele balançou a cabeça. Ela sorriu.
Aproximou-se devagar, e sem aviso, beijou-o.
Foi um beijo fundo, molhado, com língua e mordida. Os lábios dela eram frios, mas o prazer que deixava era quente e cruel. Quando ele abriu os olhos, ficou sozinho — de pau duro e alma tremenda.
Naquela noite, sonhei com ela.
Acordou suado, ejaculando no escuro, com o corpo ainda arrepiado e os lábios ardendo.
E nunca mais consegui dormir sem procurá-la.
Todas as noites, pegava o mesmo caminho.
Caminhava devagar, com o sexo atrasado sob a calça, o peito acelerado, a mente obcecada por seu cheiro — um aroma de terra molhada, suor e coisa no deste mundo.
Ela apareceu quando queria.
Sempre nua. Sempre faminta.
Sem palavras.
Dessa vez, empurrou-o contra uma árvore e o chupou como uma condenada. Beijou-lhe o peito, mordeu sua virilha, lambeu sua glande com um prazer que parecia milenar.
Quando montou nele, ele sentiu-se morrer.
Ou renascer. Não sabia dizer.
Ela rebolava com os olhos fechados, gemendo baixo, e cada vez que ele chegava perto do gozo, ela parava. Mordia seus lábios. Dominava seu corpo. O fazia suplicar.
Até deixá-lo morrer de prazer com um grito abafado no colo do abismo.
Mas ela nunca ficou.
Desaparecia com o vento.
E mesmo assim… ele nunca veio sozinho.
Toda noite, após vê-la, acordeva com marcas no pescoço. Arranhões no peito. E o cheiro dela impregnado nos lençóis, entre suas pernas.
Alguns dizem que enlouqueceu.
Outros que se perderam no mato uma noite e nunca mais voltaram.
Mas quem passa pela estrada nas madrugadas mais úmidos jura ouvir gemidos entre as árvores.
E, se olhar bem, verá dois vultos entre os galhos.
Ela o cavalgando em silêncio.
E ele, entregue para sempre ao beijo da noite.
Por Clara Noir para o blog Noites Proibidas.
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