Devoradora de Maridos Capítulo 2

O Quarto Fechado

Rafael acordou em lençóis de seda. Ela não estava na cama. A casa, silenciosa, parecia suspensa no tempo. Um perfume doce pairava no ar.

Ele vestiu a camisa e começou a andar pela mansão. Havia portas que não abriam, corredores que pareciam mais longos do que deviam. Ao passar pelo corredor oeste, notou uma porta com trancas douradas. E um som. Fraco. Um sussurro. Um gemido?

Mirela surgiu atrás dele, repentina.

— É só um quarto antigo. Tranquei por causa do mofo — disse com um sorriso sereno. Mas os olhos… tinham um brilho gelado.

Nos dias seguintes, Rafael começou a definhar. Não dormia bem. Sonhava com homens chorando, suplicando. Sonhava com Mirela em cima dele, os olhos negros como a noite, o corpo coberto de sangue.

Ele tentou se afastar, mas ela reaparecia com flores, com comida, com gestos que o desmontavam. Ela o amava, dizia. Estava pronta para um novo começo.

Na noite do pedido de casamento, tudo estava perfeito. Ela usava vermelho. Sorriu com os olhos úmidos. Disse “sim”. Depois o conduziu para o andar de cima.

Velas. Música lenta. Vinho.

Ela despiu a própria roupa com uma lentidão cruel. Ele não conseguia dizer nada. A excitação era quase dolorosa. Ela subiu sobre ele. E quando ele gozou, ela o beijou… e mordeu.

Mas não o pescoço. A língua.

Sangue escorreu. Ele tentou gritar. Ela o segurou com uma força absurda.

— Shhh, amor. Não precisa gritar. Já está na minha boca…

Rafael desapareceu naquela noite. A polícia buscou, sem sucesso. Mirela chorou. Vestida de luto, encantou os repórteres.

Dias depois, uma nova família se mudou para o bairro. Uma mulher sozinha, elegante, distinta.
Chamava-se Marion D’Arcourt — irmã de Mirela, segundo ela própria.

Mesmo sorriso. Mesmo batom. Mesmo olhar que dizia:

“Você será meu.”


Por Clara Noir para o blog Noites Proibidas.
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