Devoradora de Maridos | Capítulo 1

A Esposa Perfeita

A casa de número 81 da Rua Camélias chamava atenção mesmo entre os casarões antigos do bairro. Fachada bege, colunas brancas, um jardim minuciosamente podado… e uma mulher que parecia ter saído de um retrato antigo, com curvas perfeitas, batom escarlate e um olhar que parava o tempo.

Seu nome era Mirela D’Arcourt, e todos os vizinhos a admiravam — ou a temiam.
Três maridos. Três funerais discretos. E nenhum vestígio de crime.

Mirela era educada, doce, culta. As mulheres queriam ser como ela. Os homens… não resistiam. Ela sabia como se mover, como rir, como abaixar os olhos e parecer frágil mesmo quando dominava completamente a situação.

O último marido, Álvaro, um empresário arrogante e infiel, havia morrido há seis meses em um acidente de escada. O laudo falava em desequilíbrio. Mas a enfermeira da casa — que desapareceu pouco depois — dizia que Álvaro não gritara. Só caiu. Como se estivesse… aceitando.

Naquela noite, Mirela estava em seu quarto. A casa em silêncio. Usava uma camisola fina como uma névoa sobre o corpo. Caminhou até o espelho, passou o dedo sobre os lábios pintados de vermelho e sussurrou:

— Outro virá.

E veio.

Rafael, o novo vizinho da casa ao lado, solteiro, recém-divorciado, parecia encantado desde o primeiro café que ela ofereceu. Ela o fazia rir, depois o deixava confuso. Às vezes sumia por dias, depois aparecia como se nada tivesse acontecido. Aos poucos, ele sentia como se estivesse sendo enredado… mas não queria escapar.

No jantar de sexta-feira, velas acesas, vinho tinto, carne ao ponto, Rafael a observava enquanto ela falava sobre música barroca. Havia algo nos gestos dela… uma calma que o deixava inquieto. Quando ela o tocava — mesmo que levemente — ele sentia uma vertigem quente percorrer a espinha.

Horas depois, na cama, ele a teve. Mas era como se não fosse dele — era ele quem pertencia a ela.
No clímax, ele teve a impressão de ver algo nos olhos dela: fome. Não desejo. Fome.

Por Clara Noir para o blog Noites Proibidas.
Conto exclusivo. Direitos reservados. Proibida reprodução sem autorização.

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Scroll to Top