Entre a Cama e o Silêncio
O primeiro toque
O silêncio entre eles dizia mais do que qualquer palavra. Era noite, e o corredor do prédio estava vazio, exceto pelos dois corpos parados em frente um ao outro, com os olhos fixos, como se esperassem um sinal do universo para se moverem.
Mariana abriu a porta do apartamento devagar, e Rafael, ainda hesitante, deu o primeiro passo. O corredor ficou para trás, a porta se fechou com um clique suave. Dentro, o ar parecia mais quente, denso, carregado de tudo o que tinham segurado por semanas.
Ela foi a primeira a se aproximar. Encostou o corpo no dele, como quem testa um limite, e perguntou com a voz baixa:
— Você quer beber alguma coisa?
Ele respondeu com os olhos. Pegou o rosto dela com as duas mãos, e seus lábios se tocaram. Foi um beijo sem pressa, mas carregado. Quando ela sentiu a língua dele buscar a dela, gemeu baixinho, rendida. Suas mãos escorregaram pelas costas dele, puxando-o mais.
A roupa caiu como se não fizesse parte do mundo real. Ele a encostou na parede da sala, beijando o pescoço, mordendo o lóbulo da orelha, descendo pelas curvas que ele já conhecia com os olhos, mas agora descobria com a boca.
Os corpos falam
Ela estava molhada antes mesmo de ele tocá-la. E quando o fez, com os dedos deslizando entre seus lábios inferiores, ela arqueou o corpo, os joelhos ameaçando ceder. Ele a deitou no sofá e abriu as pernas dela com calma, saboreando cada reação.
— Você é linda demais — murmurou ele antes de começar a chupar devagar, como se degustasse um prato raro.
Ela gemeu alto, apertando os cabelos dele, rebolando contra sua boca. Quando o orgasmo veio, seu corpo tremeu por inteiro. Rafael subiu por cima dela, roçando o pau na entrada quente e úmida. Ela o puxou com urgência:
— Entra… ágora.
Ele obedeceu. Um gemido dos dois ecoou juntos. O vai e vem era lento e profundo. Os olhos fixos um no outro, como se cada estocada selasse uma promessa não dita. Estavam ali, entregues, sem freio, sem culpa — ainda.
Culpa pós-gozo
Depois do gozo — intenso, suado, sujo como só o desejo reprimido permite —, eles permaneceram abraçados. O silêncio voltou, agora carregado de um outro peso.
Ela levantou um pouco a cabeça e sussurrou:
— Me desculpa… por aquele dia. Quando você foi no meu apartamento e… foi ele quem abriu.
Rafael afastou um fio de cabelo grudado na testa dela e respondeu com firmeza:
— Ei… você não tem que se desculpar por nada. Aquilo só me mostrou que… eu precisava de coragem.
Ela desviou os olhos, constrangida. Ele insistiu, com doçura:
— Sabe por que eu fui lá aquele dia? Eu tinha recebido uma proposta… trabalho novo. Mesmo sem estar formado, queriam me levar pra um projeto grande, for a da cidade. Mas antes de decidir qualquer coisa, eu queria te ver. Queria contar pra você.
Ela sentiu um frio na barriga. Pensamentos se atropelaram em sua mente. Estava certa em ter se entregado? Estava certa em querer tanto esse homem?
As dúvidas que rasgam
Deitada no peito dele, Mariana pensava: Ele tem um caminho, uma vida pra seguir. Eu sou só um ponto de parada? Uma mulher ferida que se deixou levar pela carência? Ela não dizia nada. Só o abraçava mais forte.
Rafael, por outro lado, via futuro. Em sua mente, ecoava uma frase: Eu posso casar com ela. Talvez não agora, mas logo. Ele também não dizia nada. Só a beijava no topo da cabeça.
Os dias passaram. Os encontros se tornaram frequentes, quase sempre no apartamento dela. Era tudo discreto. Beijos demorados, sexo com urgência e carinho. Mas Mariana ainda hesitava em se entregar totalmente. Sempre ficava com um pé no chão, com medo de ser só mais uma fase para Rafael.
Entre a paixão e o receio
— Você acha mesmo que vai gostar desse trabalho? — perguntou ela, enquanto deitavam na cama, nus, depois de mais uma transa suada.
— É um bom começo. Não é o que sonhei, mas vai abrir portas — disse ele, girando o corpo para ficar de frente.
— E vai ficar longe?
— Um pouco… algumas viagens. Mas nada definitivo.
Ela se calou. Ele percebeu e tocou o queixo dela, forçando-a a encará-lo.
— Mariana, você acha que eu vou te esquecer? Que vou sair por aí e te deixar aqui?
— Eu não sei. Às vezes eu acho que estou vivendo um sonho… e que ele vai acabar logo.
Ele a beijou. Um beijo longo, cheio de promessas que nem ele sabia se poderia cumprir.
Afastamento e desejo
Meses se passaram. Rafael aceitou o novo emprego. Se mudou para outro bairro. A rotina mudou. Agora, os encontros eram escassos. Às vezes, só uma vez por mês.
Mas quando se viam… era como se o tempo não existisse. O sexo era intenso, desesperado, como se quisessem recuperar cada segundo distante.
Num desses encontros, ela entrou no apartamento dele usando só um sobretudo. Quando ele abriu a porta e viu, quase caiu de joelhos.
— Isso é uma tortura — murmurou, puxando-a com força.
Ela se ajoelhou diante dele, tirou o sobretudo devagar, ficando completamente nua, e começou a chupá-lo como se fosse a última vez. Ele gemeu alto, segurando os cabelos dela.
Depois, a pegou no colo, levou até o quarto e meteu nela por trás, com força. Os dois gozaram juntos, suando, gritando.
Um ano de silêncio e desejo
Já fazia um ano desde o primeiro beijo. Um ano de encontros, de dúvidas, de silêncios incômodos e orgasmos inesquecíveis.
Estavam na cama, depois de um fim de semana juntos. Ela olhava pro teto. Ele acariciava a coxa dela.
— Você já pensou… no que a gente tem? — ele perguntou.
— Todos os dias — respondeu ela, sem hesitar.
— E o que acha?
Ela demorou a responder.
— Acho que me assusta. Que é grande demais. Que talvez seja tarde demais pra mim.
— Pra mim… é só o começo.
Ela não disse nada. Mas deitou a cabeça no peito dele e suspirou. Talvez fosse amor. Talvez fosse só medo. Talvez fosse tudo ao mesmo tempo.
Mas ali, naquela cama, naquele momento, eram só eles dois. E o mundo, mais uma vez, parava de girar.
Assinatura:
Escrito por Clara Noir – Para Noites Proibidas
Uso exclusivo para o blog.