Confissões a Três “Capitulo 2”

O tempo passou. Mas a lembrança daquela noite queimava em cada parte do corpo de Gabriel.

Ele e Luísa haviam voltado à rotina. Mas algo havia mudado.

Ela o olhava diferente. Tocava diferente.
E às vezes, quando estavam transando, ela sussurrava no escuro:

— Você pensou nela agora, não foi?

E ele gelava.

— Não.

Mas mentia.

Luísa também sonhava. Às vezes dizia ter visto Ana Cláudia sentada no sofá da chácara. Outras vezes, dizia ter ouvido o som do robe caindo no chão. Um dia, chegou a confessar:

— Eu sonhei que estava entre nós dois. E você não sabia quem beijar primeiro.
— E o que você fez no sonho?
— Deixei vocês decidirem.

Ela estava se abrindo. E ele começava a entender. Luísa não era só inocência.

Ela queria sentir. Ver. Dividir.
Ou talvez… convidar.

Foi Luísa quem propôs.

— Vamos passar o próximo feriado lá na chácara.
— Só nós dois?

— Não. Quero chamar minha tia.
— Tem certeza?

Ela demorou a responder.

— Eu nunca estive tão certa de algo.

Ana Cláudia chegou à tarde. Com um vestido caramelo, óculos escuros e um lenço no pescoço.
Ela desceu do carro sorrindo, como quem já sabia o que aconteceria.

—Espero que vocês tenham vinho suficiente.
—Temos coragem. O vinho é só um detalhe — disse Luísa, com um sorriso cortante.

Gabriel sentiu o coração disparar.

Naquela noite, não houve jantares longos.
A tensão era densa. Silenciosa.

Luísa se serviu de vinho, caminhou até a tia e estendeu a taça.

—Obrigada por vir.
—Obrigada por me querer aqui — respondeu Ana Cláudia, olhando nos olhos dela.

As duas se tocaram pela primeira vez naquele gesto. Um dedo a mais ao entregar a taça. Um silêncio mais longo do que o necessário.

Gabriel assistia tudo. Respirando fundo.

Luísa se aproximou dele e sussurrou:

—Ela sabe que quero. Mas precisa ver que você também quer.

Ele a puxou para perto. Beijou o pescoço dela. Os ombros. A boca.
Luísa gemeu baixo, o corpo colando no dele. Mas os olhos dela… estavam voltados para Ana Cláudia.

—Você está nos assistindo? — perguntou Luísa.

Ana Cláudia sorriu, sentada com a taça nas mãos.

—Estou. E estou gostando.

Luísa saiu do colo de Gabriel.
Foi até a tia. Parou diante dela.

—E se eu disser que não quero mais só assistir?

Ana Cláudia se levantou.
—Então diga.

E Luísa disse:

—Quero você também.
—E ele?

—Ele já é meu. Agora eu quero você… conosco.

Ana Cláudia olhou para Gabriel.
—Você permite?

Ele assentiu, sem voz.

Ela soltou o lenço do pescoço.
—Então venha. Os dois.

O sofá foi pequeno demais.
Ana Cláudia os guiava como se tivesse sonhado com aquilo por anos.

Beijou Luísa primeiro — e Gabriel estremeceu. Era diferente.
Depois virou-se para ele. O puxou pela nuca. Mordeu-lhe o lábio.

—Você vai me possuir… enquanto ela nos assiste.
—E depois? — ele perguntou, ofegante.
—Depois… todos pertencemos a todos.

Luísa os observava com os lábios entreabertos, sentada na poltrona.
Tocava-se, gemia baixo, sem pressa.

Quando Ana Cláudia se deitou no tapete e puxou Gabriel para si, Luísa desceu e se ajoelhou ao lado.

—Posso? — perguntou à tia, tocando-lhe os seios com delicadeza.

Ana Cláudia assentiu.
—Somos um só agora.

E a noite virou um corpo só.

Três bocas. Seis mãos. Gemidos misturados.
Gabriel sentia a boca de Luísa em seu peito e os dentes de Ana Cláudia em seu pescoço.
As duas se beijavam por cima dele. E depois uma sentava sobre o seu rosto enquanto a outra o montava com fúria e entrega.

A madrugada parecia eterna.

Depois, os três ficaram deitados no chão.
Suados. Respirando juntos.

Luísa acariciava o cabelo da tia.
Gabriel beijava o ventre de Luísa.
Ana Cláudia sorria.

—Vocês aprenderam bem — ela murmurou.

—E agora? — perguntou Luísa.

—Agora… nós decidimos se isso foi um erro ou o início de algo maior.

—Você quer mais? — Gabriel perguntou.

Ela riu.

—Vocês ainda nem viram a quarta lição.

Continua…


“a presença da mulher madura como símbolo de poder e desejo vem crescendo na ficção contemporânea, como mostra este artigo.”

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Por Clara Noir para o blog Noites de Clara Noir.
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