## A Chegada ao Convento
### A Noiva do Convento Negro
Helena chegou à Transilvânia quando as primeiras névoas da tarde se enroscavam pelas montanhas como dedos invisíveis. A carruagem balançava por entre as estradas de pedra, guiada por um cocheiro mudo de olhos escuros. O destino: o misterioso Convento de Santa Nocturna, um lugar que raramente recebia visitas e, dizem, jamais permitia partidas.
Vestida de preto e com os cabelos presos sob o véu, Helena não era mais uma moça comum. Vinha marcada por um passado nebuloso, e embora falasse pouco, seus olhos contavam segredos guardados entre os seios. Seu noivado for a rompido em circunstâncias escandalosas, e seu nome varrido das páginas da sociedade vienense.
Quando as torres góticas do convento surgiram entre as árvores, seu corpo estremeceu. Um frio subia pelas pernas, não do inverno, mas da sensação de ser observada. O enorme portão se abriu sem que ninguém o tocasse, revelando freiras silenciosas, rostos velados, que a conduziram para dentro como se ela fosse esperada.
O cheiro de incenso, velas e algo mais — algo metálico e adocicado — invadiu suas narinas. Era o perfume do mistério. E do pecado.
## Silêncio de Pedra
### A Noiva do Convento Negro
O convento era feito de pedra escura, envolto em tapeçarias antigas e retratos de santas com expressões de êxtase. A Madre Superiora, Sor Magdalena, a recebeu com um sorriso que parecia conhecer mais do que Helena dissera em sua carta de entrada.
— Você foi chamada, minha filha — disse com voz baixa. — Aqui, cada mulher encontra seu destino… e o seu corpo.
Os aposentos de Helena eram modestos, mas decorados com detalhes inusitados: um espelho oval, uma cama de madeira entalhada com símbolos florais e um crucifixo de ferro cujos braços pareciam serpentear.
Na primeira noite, ouviu passos atrás das paredes. Sussurros. Algo além da fé vivia ali. Ao deitar-se, sentiu a cama aquecer sob seu corpo, como se mãos invisíveis tocassem sua pele nua sob o hábito de linho.
Helena dormiu entre sonhos febris, nos quais freiras dançavam nuas sob a lua, e ela mesma era ungida com óleos escuros por uma santa de língua alongada. Ao acordar, seu corpo estava úmido e marcado com um símbolo no ventre — que não estava ali antes.
## As Leis do Desejo
### A Noiva do Convento Negro
Nos dias que se seguiram, Helena passou a cumprir rotinas de oração e silêncio, mas havia sempre algo… quebrado. As freiras trocavam olhares cúmplices. Algumas sorriam ao vê-la passar. Sor Magdalena, em especial, dedicava-lhe atenção incomum, convidando-a para tarefas reservadas às irmãs mais antigas.
Numa tarde, foi chamada à biblioteca secreta, uma sala escondida atrás do altar, iluminada apenas por velas negras. Ali, a madre lhe mostrou um livro que não estava em latim, mas numa língua ancestral.
— Esta é a Vox Carnis, o evangelho da carne — explicou. — Somente as escolhidas podem ouvir e pronunciar suas palavras.
Helena o abriu com mãos trêmulas. Ao tocar as páginas, sentiu calor. As letras pareciam se mover. Vozes sussurraram em sua mente palavras proibidas, doces como veneno. Magdalena se aproximou, e pela primeira vez, tocou os lábios de Helena com os dedos molhados em óleo escuro.
— Há algo em ti… um vazio que só o prazer verdadeiro pode preencher.
E então a beijou. A língua da freira invadiu sua boca com doçura e força. Helena gemeu contra os lábios da madre, sentindo seu corpo derreter como cera sagrada.
## O Primeiro Rito
### A Noiva do Convento Negro
Naquela mesma noite, Helena foi levada ao claustro interno, onde uma fonte de água escura jorrava entre colunas. Estava nua sob a lua cheia, coberta apenas por véus translúcidos. Outras freiras a esperavam, também nuas, com os corpos marcados por tatuagens sagradas em espirais.
A cerimônia começou com cantos baixos. Magdalena se ajoelhou diante de Helena, lambendo seus pés com devoção. As outras irmãs circulavam, soprando em sua pele, mordiscando seus seios, passando os dedos entre suas coxas.
Helena não resistiu. Sua alma gritava, mas seu corpo pedia mais. O prazer era uma oração sem palavras.
Foi deitada no mármore frio da fonte. Magdalena montou sobre ela como se tomasse posse de um altar. Seus sexos se encontraram com fome e fúria. O ritmo era lento e intenso, seus gemidos ecoando pelos muros. As outras freiras observavam, tocando-se, orando com os dedos entre as pernas, elevando o prazer ao sagrado.
Quando Helena atingiu o clímax, gritou o nome da santa. E naquele momento, sentiu algo abrir-se dentro de si. Um chamado. Um selo.
Ela era, agora, parte do Convento.
## A Prometida das Sombras
### A Noiva do Convento Negro
Nos dias seguintes, a mudança era visível. Helena andava com uma nova postura, um brilho nos olhos que não era mundano. Era desejo, mas também poder. As paredes do convento pareciam conhecê-la. E os sussurros que antes a assustavam, agora a guiavam.
Numa madrugada, acordou com o nome “Noiva” sussurrado em seu ouvido. A voz vinha da parede, da pedra viva. Helena se aproximou e encostou a testa fria na rocha. Uma imagem surgiu: ela, vestida de vermelho, caminhando ao altar, não para se unir a um homem, mas a algo mais antigo, mais profundo.
Na capela vazia, ajoelhou-se diante do altar. E ali, sentiu-se envolta por braços invisíveis, lambida por línguas de sombra. Gozou sem ser tocada. Chorou de prazer e entrega. O Convento a aceitara.
Na manhã seguinte, Magdalena anunciou:
— A preparação começou. Quando a lua negra surgir, você será levada até o Nocturnarium. E então, será selada como A Noiva do Convento Negro.
Helena apenas sorriu. E entre os lábios, um suspiro:
— Que venha a noite.
✦ Na Trilha das Vampiras Nuas – Noites Proibidas
Assinatura:
por Clara Noir – Noites Proibidas
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