Quando o luto da carne desperta fantasmas de prazer e dor
No conto erótico e sombrio Toque de Cinzas, um homem revive o desejo por sua amada morta sempre que veste seu vestido antigo. Entre prazer e assombro, cada encontro deixa marcas — e cinzas — em sua alma.
O sótão e o chamado
O sótão cheirava a madeira antiga e saudade.
Edward não subia ali havia anos. Desde que Isobel partira — ou melhor, desde que o destino cruel arrancara dela o fôlego e o calor —, evitava qualquer lembrança que pudesse fazê-lo sangrar por dentro.
Mas naquela tarde chuvosa, algo diferente o puxou para cima.
Não era simples curiosidade.
Era um sussurro que não vinha dos ouvidos, mas de dentro do peito. Um chamado , íntimo, quase indecente.
No baú de linho, entre cartas amareladas e rendas esquecidas, encontrou o vestido de cetim escuro. O preferido dela.
O tecido ainda parecia vivo, como se tivesse guardado o calor do corpo de Isobel. Ao tocá-lo, uma lembrança tomou forma — ela, dançando ao som de uma tempestade, nua sob o vestido, os mamilos duros marcando o cetim e os olhos famintos fixos nele.
O pau de Edward pulsou de repente, um peso quente e urgente entre as pernas.
Quase sem pensar, levou o vestido ao rosto.
Cheirava à noite. Ao perfume doce e amargo dela. Àquela entrega que antes fora só dele.
Foi então que um arrepio gelado atravessou-lhe a espinha.
Quando abriu os olhos, ela estava ali.
O retorno de Isobel
Na penumbra, com o vestido colado ao corpo e os pés descalços na madeira fria, Isobel o olhava como se nunca tivesse partido.
Os cabelos úmidos escorriam pelos ombros, e seus lábios entreabertos deixavam escapar uma respiração leve, quase um suspiro de prazer.
— Meu amor… — ele murmurou, a voz tremendo.
Ela não respondeu. Apenas caminhou até ele, os passos suaves como se não tocassem o chão.
A ponta de seus dedos frios encostou na pele dele, e Edward fechou os olhos, absorvendo aquele contato impossível.
O beijo veio como um incêndio lento — molhado, denso, carregado de uma saudade que doía e excitava.
Quando Isobel se afastou, seus olhos ardiam de desejo.
Ela o empurrou suavemente para o chão de madeira, montando-o como tantas vezes fizera em vida.
O vestido subiu pela coxa dela, revelando que por baixo havia apenas a pele branca, macia e fria como mármore.
A pressão das coxas dela contra sua cintura fez o pau dele endurecer ainda mais, pedindo espaço.
Isobel começou a roçar o sexo gelado e úmido contra a ereção dele, friccionando com movimentos lentos, como se estivesse degustando cada segundo do retorno.
O luto da carne
Edward, ofegante, levou as mãos ao quadril dela, puxando-a para mais perto.
O calor dele e o frio dela criavam um contraste que arrepiava cada centímetro de sua pele.
Ela desceu os beijos pelo pescoço dele, chupando a carne com força, deixando marcas que ardiam.
Quando sua boca alcançou o peito dele, Edward gemeu baixo, sentindo o tesão aumentar a ponto de doer.
Ele ergueu o vestido, revelando por completo a bucetinha pálida, os pelos ralos e finos.
Seu pau latejava, e num movimento rápido, ele encaixou a glande entre os lábios úmidos dela.
O choque foi imediato: o calor do desejo misturado ao frio da morte.
Isobel começou a rebolar lentamente, sentando-se cada vez mais até senti-lo completamente dentro dela.
O corpo dele inteiro vibrou com a sensação. Era como se estivesse fodendo um sonho — ou um pesadelo doce.
Edward segurou-lhe as nádegas, sentindo a firmeza da carne enquanto ela acelerava o ritmo, arfando com um prazer silencioso.
O som das peles se chocando ecoava no sótão junto ao ranger das tábuas.
Ele chupou os seios dela por cima do vestido, molhando o cetim com sua saliva quente, e depois abaixou o tecido para abocanhar os mamilos frios.
Prazer e cinzas
A intensidade cresceu até que Edward não pôde mais se conter.
Com um gemido profundo, ele gozou dentro dela, sentindo o corpo estremecer como se estivesse sendo drenado de vida.
No instante seguinte, ela desapareceu.
Edward acordou nu, sozinho, com o vestido sobre o peito como um véu.
A partir daquele dia, todas as noites em que vestia o cetim sobre a pele, Isobel voltava.
E voltava faminta.
Na cama, no chão, contra as paredes — ele a chupava até sentir o gosto de cinzas, ela o cavalgava até fazê-lo gritar.
Às vezes, virava-se de costas para ele, oferecendo-se , onde ele entrava devagar, gemendo, até gozar novamente.
Mas sempre que a madrugada chegava, ela partia, deixando pequenas cinzas no lençol.
Cinzas que queimavam mais do que qualquer fogo.
Por Clara Noir para o blog Noites Proibidas.
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