O ataque brutal
O céu começava a escurecer quando o silêncio do mar foi quebrado por um grito distante. No convés do Alvorada Negra, Helena sentiu a tensão crescer em cada fibra do seu corpo. Os olhos atentos do jovem que a acompanhava, sentado não muito longe, brilhavam com uma mistura de preocupação e desafio.
— Navio à vista! — gritou um vigia no topo do mastro.
De repente, o som estrondoso dos canhões cortou o ar, seguido por um estrondo que sacudiu a embarcação. O navio inimigo avançava impiedoso, atirando com precisão. Estilhaços de madeira voavam, alguns atingindo os marinheiros que se debatiam em dor e sangue.
Helena agarrou o punho firme da espada, os músculos tensos. Seu corpo, duro e dominador, movia-se com precisão letal. Ela atacou um homem que tentava subir a escada para o convés, rasgando sua garganta com um movimento frio e decidido. O gosto metálico do sangue respingava em seu rosto, misturando-se ao suor e à maresia.
O rapaz, que sempre a acompanhava, surgiu ao seu lado, pegando um punhal e defendendo-a com a mesma ferocidade. Eles lutavam lado a lado, corpo a corpo, num balé cruel de desejo e violência. Entre um golpe e outro, Helena sentia o calor do corpo dele tão próximo, o aroma misturado do suor e da pele quente inflamando seu próprio desejo reprimido.
— Não vamos cair hoje — ele murmurou, a voz rouca de esforço e urgência.
E, mesmo no meio do caos, ela sentiu vontade de abraçá-lo, de sentir seu corpo quente contra o dela, a boca presa à sua, chupando-o com fome, esquecendo a dor, o medo, o perigo.
Mas a luta não parava.
Quando o navio inimigo recuou, deixando para trás um convés manchado de sangue e corpos, Helena ofegava, o rosto marcado por arranhões, os olhos faiscando.
— Sobrevivemos — disse ela, a voz dura, mas com um lampejo de triunfo.
A tempestade que se abateu
Mal tiveram tempo para celebrar a vitória, porque o céu escureceu rapidamente, nuvens pesadas se acumulando como uma ameaça viva. O vento mudou, uivando como uma fera enfurecida, e a chuva começou a cair torrencial, transformando o convés em um chão escorregadio e traiçoeiro.
Helena segurou o timão com unhas e dentes, o corpo tenso contra o balanço do navio que parecia agora uma casca prestes a afundar. O rapaz estava perto dela, os olhos brilhando na tempestade, seu corpo firme mesmo quando a água gelada os atingia com força.
— Segure-se! — gritou ela.
As ondas enormes batiam contra o casco, o navio rangendo e gemendo sob a pressão. Um trovão rasgou o céu, e uma onda monstruosa levantou o Alvorada Negra como se fosse brinquedo, lançando-o contra a tempestade com violência brutal.
O medo se tornou palpável, misturado com a adrenalina e um tesão estranho e incontrolável que corria em suas veias. Helena sentiu o corpo do rapaz colado ao seu, a respiração dele quente contra o pescoço, seus dedos apertando a cintura dela com força.
— Vamos sobreviver a isso — sussurrou ele, tentando ser a âncora no caos.
Mas, no momento seguinte, o navio foi partido ao meio por uma onda colossal. O mundo virou água, escuridão e desespero.
Naufrágio e perda de memória
Helena acordou com o rosto molhado, areia entrando na boca, o corpo pesado e dolorido. O sol batia quente, e o barulho das ondas quebrando suavemente a sua volta contrastava com a violência da última noite.
Tentou lembrar-se do que havia acontecido, mas tudo estava nublado, confuso. O vazio preenchia sua mente, um buraco escuro onde suas lembranças haviam sumido. Não sabia quem era, nem onde estava, nem mesmo o nome daquele jovem que insistia em ficar ao seu lado.
— Você está viva — a voz dele cortou o silêncio.
Ela virou a cabeça lentamente e viu-o entre um grupo de moradores locais que se aproximava.
Aqueles homens e mulheres simples, de roupas gastas, olharam-na com curiosidade e respeito. Um velho de barba branca aproximou-se, segurando sua mão com delicadeza.
— Vamos cuidar de você, senhora — disse ele, com voz gentil.
Helena olhou novamente para o jovem ao seu lado. Ele sorriu, um sorriso calmo, familiar, e se apresentou:
— Me chamo Adrian. Vim ajudar a senhora.
Ela acreditou nele, acreditou que ele fazia parte daquele povo, que era um deles. Não suspeitou que sua presença fosse algo além do natural.
A vida entre os moradores
Os dias passaram, e Helena, frágil e confusa, foi acolhida pela comunidade. A vila era pequena, afastada de tudo, com poucas casas espalhadas e uma igreja antiga. As crianças corriam entre as árvores, os homens trabalhavam no campo e as mulheres cuidavam dos animais e das refeições.
Adrian estava sempre perto, sempre atento. Andava entre os moradores com naturalidade, sorrindo e trocando palavras com todos. Helena sentia-se segura com ele, encantada por sua companhia e cuidado.
O tempo que passou naquele lugar foi transformando-a. A dureza da capitã que comandava navios se esvaía, dando lugar a uma mulher mais meiga, que sonhava com uma vida tranquila, com uma família, com a possibilidade de amar e ser amada sem medo.
Certa tarde, um dos moradores ofereceu-lhes uma casa no alto de uma montanha próxima, que havia sido abandonada por uma família que se mudara para Londres. A casa era simples, mas confortável, com vista para o mar e para a floresta ao redor.
Helena aceitou, acreditando que aquele era seu novo lar.
O fantasma entre nós
Naquela casa, a rotina de Helena e Adrian ganhou uma aura quase mágica. Ela não sabia que ele era — via-o apenas como seu protetor, seu companheiro.
À noite, enquanto as estrelas brilhavam, ele a abraçava com a ternura que só um amor verdadeiro pode ter. Ela sentia o corpo dele quente, os dedos explorando sua pele, acariciando sua bucetinha molhada, despertando nela um tesão que não se apagava com o tempo.
Eles se entregavam um ao outro sem reservas, entre suspiros e gemidos abafados, ela apertando seu pau com força enquanto ele a penetrava lentamente, garantindo que ela gozasse várias vezes, seu corpo arqueando em êxtase.
Entre a ternura e o desejo, Helena se deixava levar, sentindo-se protegida e amada como nunca antes.
Mas, mesmo imersa naquele sonho, os ecos do passado insistiam em rondar sua mente, sombras que ainda não podia entender.
Por Clara Noir para o blog Noites Proibidas.
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