Romance fantasmagórico na Itália

O sol da manhã atravessava as cortinas floridas da pequena casa alugada no vilarejo italiano, trazendo ares de um novo começo. Marco, engenheiro de 45 anos, respirou fundo e olhou para o café na mesa. Há quase um ano, sua esposa, Elisa, descobrira um problema no coração que os separaria para sempre — e agora, ele se encontrava ali, exatamente onde ela sempre quis que fossem juntos, mesmo que ela já não estivesse mais entre os vivos.

Desde que Elisa partira, Marco vivia entre a tristeza e uma estranha companhia: o espírito da mulher que ele amava. Elisa insistia, com humor negro e uma pitada de provocação, para que ele seguisse em frente, mas o homem preferia se agarrar a esse romance fantasmagórico, onde cada toque, mesmo invisível, era sentido com intensidade.

O vilarejo e seus sussurros

O vilarejo respirava história e simplicidade. As ruas estreitas de pedra ladeadas por casas coloridas guardavam segredos e rostos curiosos. Os moradores observavam Marco com olhares que misturavam pena e estranheza, pois o viam falando sozinho.

Na mercearia da praça, Giulia, jovem de 25 anos, era dona do sorriso fácil e da língua afiada. Ela desconfiava do estranho recém-chegado que passava horas em sua varanda conversando com o nada.

— Você fala com fantasmas? — perguntou, meio em tom de brincadeira, para o único amigo que tinha no vilarejo, Pietro, o carteiro.

— Acho que sim — respondeu ele, piscando. — Ou talvez com a própria solidão.

Marco, por sua vez, dedicava suas manhãs a organizar a casa, mas suas tardes eram marcadas por conversas intensas com Elisa, que surgia entre sussurros e risadas provocantes.

Entre risos e carícias invisíveis

— Você ainda insiste em não me deixar partir, seu teimoso — dizia Elisa, com aquele sorriso que Marco podia sentir, mesmo sem vê-la.

Era uma relação única, um jogo de sedução entre o mundo dos vivos e dos mortos. Uma noite, quando as luzes da casa já se apagavam, Elisa passou a mão pelo rosto dele como fazia em vida, e o toque parecia real.

— Quer que eu te mostre como você está sedento? — provocou, num sussurro que gelava a espinha, mas trazia calor ao coração.

Marco a puxou para perto, apesar do vazio que a separava fisicamente. Imaginou os dedos dela deslizando pelo pescoço, a boca beijando cada centímetro, enquanto sua mente vivia cenas onde o prazer se tornava carne e os risos eram cúmplices.

— Você ficou com tesão ? — perguntou ela, numa gargalhada que fazia ecoar pela casa.

Ele sorriu, sacudindo a cabeça, o riso escapando entre a dor e a paixão. Era estranho e delicioso, esse amor que só existia ali, entre sombras e desejos.

O conselho inusitado

No meio dessas noites onde os suspiros eram respostas e as carícias, meras sombras, Elisa começou a provocar Marco com uma sugestão inesperada.

— Você devia chamar a moça da mercearia para sair — disse, com um brilho malicioso no olhar invisível.

Marco franziu a testa, desconfiado.

— Eu? Com ela? Estamos bem assim, Elisa. Nosso amor é perfeito, não preciso de mais ninguém.

— Oh, que ciúme bobo! — Riu ela. — Ela é só uma distração. Você sabe que precisa seguir em frente para eu poder descansar em paz.

O homem bufou, indignado, mas não pôde evitar o sorriso ao pensar naquela jovem italiana cheia de vida, tão diferente da tristeza que ele carregava.

A chegada da primavera

Enquanto a estação mudava, o vilarejo florescia em cores e sons. As manhãs cheias de aroma de café fresco e pão quente contrastavam com as noites em que Marco se encontrava imerso naquele romance impossível.

Funcionários do pequeno hotel local já conheciam o estranho casal invisível: ele, o homem que falava com ninguém, e ela, a mulher que aparecia só para ele, fazendo travessuras e mantendo acesa a chama do desejo, mesmo sem corpo.

Giulia, a jovem da mercearia, passava pela casa de Marco algumas vezes, sempre curiosa, mas nunca ousava interromper o mistério. O vilarejo inteiro parecia um palco silencioso onde aquela história de amor e perda se desenrolava.

A promessa no crepúsculo

Numa tarde, enquanto o sol se punha tingindo o céu de laranja, Elisa sussurrou ao ouvido de Marco:

— Promete que vai tentar. Promete que vai conhecer alguém além de mim, mesmo que seja só para me fazer partir.

Ele a olhou, a tristeza misturada com amor profundo.

— Eu prometo tentar — murmurou, sentindo a pele arrepiar com o toque fantasma que lhe escorria pela nuca.

O silêncio tomou conta, e naquele momento, entre os sussurros e a brisa fria da Itália, uma nova personagem observava, preparando-se para entrar na vida de Marco — uma jovem que seria o começo de uma nova história, cheia de desejos, descobertas e a promessa de um futuro real.


Romance fantasmagórico na Itália Capitulo 2

Romance Erótico Vampírico – A Rosa da Meia-Noite

Por Clara Noir para o blog Noites Proibidas.
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