Nosso Segredo em Palavras

Capítulo 1 – Ainda estou com o gosto de ontem…
Por Clara Noir

Ainda estou com o gosto de ontem, Amor.
Ainda estou com você dentro de mim — não só no corpo, mas naquela parte que ninguém vê. A parte onde mora o nosso segredo, onde você me chama por um nome que só você sabe, onde eu te deixo ver o que ninguém mais viu.

Escrevo deitada, ainda nua, com os lençóis amassados pelo nosso peso, nosso suor, nosso silêncio depois.
O espelho no canto do quarto ainda reflete aquela sombra que a gente fez juntos. E eu…
… eu fecho os olhos e tudo volta.

Volta devagar. Como começou.
Você lembra?

Eu lembro.
Não foi uma noite só. Foi um acúmulo de vontades, um risco que a gente deixou acontecer.


Naquela primeira vez, eu ainda fingia não entender.
Você chegou tarde, como sempre, com aquele jeito distraído, o sorriso de canto de boca, e aquela pergunta simples:

— Posso ficar só um pouco?

Só um pouco.
Mal sabíamos o quanto um pouco pode durar pra sempre.

Sentei no sofá, te ofereci água, vinho, ou desculpas. Você aceitou o vinho. E os olhos. E o silêncio.

O rádio tocava baixinho uma música que nem lembro mais, mas lembro do som da sua respiração ficando mais lenta, do seu joelho encostando no meu, do jeito que você dizia meu nome como se estivesse experimentando cada letra com a língua.

— Clara… — você disse, mas foi meu corpo que respondeu.

Ficamos ali.
Minutos que foram horas.
Palavras que diziam menos que os olhares.
E quando você encostou a mão na minha, foi como se algo tivesse se partido. Ou começado.

Eu me lembro até da temperatura da sua palma.
Tépida. Firme. Ansiosa.

— Você está tremendo — você disse, mas era você que tremia.

Tentei rir. Você também.
Mas já não dava pra fingir que aquilo era só conversa.
Quando nossos rostos se encontraram no meio do caminho, você não me beijou logo de cara. Não. Você olhou meus lábios como quem pede permissão. E eu dei. Inteira.

O beijo foi calmo. Depois quente. Depois impossível.

Você me puxou devagar.
Eu me deixei ir.

Na penumbra do meu quarto, tudo era sussurro:
o zíper da minha saia, o botão da sua camisa, o som do nosso fôlego se misturando.
Você me deitou como quem cuida — mas me despiu como quem devora.

E ali, Amor… ali começou o que ontem só completou.


Hoje eu escrevo para não esquecer.
Escrevo porque meu corpo ainda pulsa em lugares que você tocou.

Ontem você me virou de lado, mordeu minha nuca como quem marca território, sussurrou palavras que só fazem sentido entre a gente.

“Fica assim… não foge… deixa eu te sentir inteira.”

E eu deixei.

Você sabe onde apertar, onde morder, onde soltar o ar quente que me faz gemer sem querer.
Você sabe exatamente como me desmontar — e remontar com seus dedos, sua boca, seu peso.

Mas o que me enlouquece mesmo…
…é quando você fala meu nome baixinho depois.
Como se fosse uma oração.

Clara.
A sua Clara.
A que você conhece no escuro, nos desvios, no segredo que a gente finge esquecer quando amanhece — mas nunca esquece.


Amor, o vinho ainda está pela metade.
Meus lençóis ainda têm o cheiro da sua pele.
E eu ainda estou aqui, nua de lembranças, com as pernas entreabertas, sentindo o vazio onde você dormiu.

Semana que vem eu escrevo de novo.
Se você voltar.
Se eu deixar.
Se a gente continuar fingindo que isso é só um caso — quando na verdade, é a nossa história.

Mas por enquanto, deixa eu terminar essa noite só nossa com uma frase que você sempre diz:

“A gente é perigoso junto… mas ainda mais perigoso separado.”

E é por isso que a gente sempre volta.

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Nosso Segredo em Palavras Capitulo 2

— Clara Noir

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